O desafio desta semana foi interpretar simultaneamente usando o aparelho de tradução simultânea portátil. Ora, mas qual é o desafio? Não é só fazer a mesma coisa que se faz dentro de uma cabine? Bem, em certa medida, é, mas há uma série de pequenos desafios logísticos que o intérprete precisa lidar rapidamente e com muito jogo de cintura.
Breve descrição do cenário: um workshop em que todos os participantes compreendiam e falavam inglês e português, exceto por UM participante estrangeiro que não dominava o português, e UM professor convidado que solicitou que lhe fosse permitido apresentar em português o seu estudo de alta relevância para o workshop. Assim, fui contratada para traduzir uma única apresentação de meia hora para um único participante, de maneira que atuei sem companhia de um segundo intérprete.
O primeiro desafio foi achar um lugar na sala. Os participantes eram muitos, a sala era pequena e a tradução simultânea
portátil não
conta com o isolamento acústico da cabine. Sendo assim, o intérprete precisa falar bem bem bem baixinho, e sua voz é captada pelo microfone que fica plugado em um transmissor, que, no evento em questão, foi exatamente como o da foto ao lado, da marca Williams Sound. Sendo assim, para não atrapalhar os participantes com a minha voz falando junto ao palestrante, tive que achar um cantinho pra mim.
Mas serve qualquer cantinho? Não! O intérprete tem que estar atento para achar um lugar em que ele possa ouvir bem tanto o palestrante quanto as perguntas ao final e, em um lugar que não dá pra circular, tal como em uma sala cheia, o jeito é arrumar um lugar na frente da sala, próximo ao palestrante.
E não é que tinha um flipchart atrás do qual eu pude colocar minha cadeira e ficar “escondida” do público, só audível para o meu único ouvinte através do receptor dele (foto)? Ótimo, perfeito, primeiro desafio resolvido!
E agora, o desafio final: no fim da palestra, do nada, o meu transmissor parou de funcionar. Eu não percebi e continuei traduzindo. Meu ouvinte sinalizou que havia um problema. Olhei para o meu aparelho: desligado, todas as luzes apagadas, sem que eu nada tivesse feito. Tentei religá-lo em vão. Um segundo de pânico. E agora!?
Pois bem, antes mesmo de ter tempo de me preocupar, a solução veio. De onde? Do excelente técnico de som da empresa indicada por mim, que alugou para o cliente o equipamento portátil de tradução simultânea. Ele estava ouvindo a tradução o tempo todo e, no mesmo momento em que o ouvinte percebeu o problema, o técnico já estava vindo com um segundo transmissor. Sim, ele tinha um transmissor reserva, o que é muito importante, como se pode ver. Foi feita a troca e, em questão de segundos, o ouvinte já estava novamente acompanhando a palestra. Nada como um técnico previnido de uma empresa responsável que traz dois transmissores para caso um dê problema e que está ouvindo o trabalho o tempo inteiro!
Assim, como vocês veem, a tradução simultânea não depende apenas do intérprete, mas de todo um conjunto de fatores que precisam estar tão harmonizados quanto possível para o sucesso do evento, sendo que a escolha da empresa que aluga os equipamentos de tradução (cabine, etc.) é um dos itens mais importantes. Resultado da história: cliente satisfeito, agradecimentos e elogios por parte do meu único e simpático ouvinte e a sensação de mais uma missão cumprida!
